Quantas vezes você já saiu de uma conversa se sentindo frustrado por não ter conseguido dizer o que realmente queria? Até quando vai continuar engolindo sapos em vez de falar o que pensa de forma clara – sem grosseria, mas também sem se anular?
A história da Marta ilustra bem isso. Ela era daquelas pessoas “gente boa” que aceitava tudo calada. No trabalho, quando o chefe despejava tarefas absurdas em cima dela de última hora, Marta sorria amarelo e dizia “deixa comigo”, mesmo já estando sobrecarregada. Com os amigos, engolia opiniões para não desagradar: se escolhiam um restaurante que ela detestava, ficava quieta; se faziam uma piada sem graça com ela, forçava um riso. Por fora, parecia tudo bem – nunca criava caso com ninguém. Mas por dentro, a conta emocional só ia aumentando. Cada sapo engolido virava uma pontinha de ressentimento.
O ponto de virada veio quando Marta perdeu uma oportunidade importante por não saber se impor. Ela tinha uma ideia ótima para um projeto, mas, tímida, não a defendeu na reunião. Um colega mais “esperto” apresentou algo similar e levou todo o crédito, enquanto Marta ficou lá, se remoendo por dentro. Naquela noite, cansada de se sentir invisível, ela decidiu que precisava mudar. Não da água pro vinho, claro – mas aos poucos. Na semana seguinte, quando o chefe tentou empurrar outra demanda impossível, Marta respirou fundo e respondeu com firmeza (e educação) que naquele prazo não daria para entregar com qualidade, sugerindo um ajuste no cronograma. Surpreendentemente, o chefe não brigou; apenas realocou a tarefa. Os colegas quase aplaudiram em silêncio aquela pequena grande vitória.
A partir daí, Marta foi ganhando confiança para praticar a comunicação assertiva no dia a dia. Percebeu que expressar o que sente e pensa – de forma respeitosa – não é ser chata nem “problemática”, como ela temia. É, na verdade, um ato de honestidade consigo e com os outros. Ela começou a dizer “não” quando necessário, a dar opinião sincera quando perguntavam (sem atacar ninguém, apenas mostrando seu ponto de vista) e a estabelecer limites saudáveis. O resultado? Marta não só parou de acumular aquela raiva silenciosa, como também ganhou mais respeito das pessoas ao redor. Agora, quando ela fala, todos sabem que é para valer, e ouvem de verdade.
Comunicação assertiva é justamente o equilíbrio entre a passividade e a agressividade. Não se trata de sair por aí despejando verdades sem filtro, magoando geral. Tampouco de continuar se calando e cedendo em tudo. É saber dizer o que precisa ser dito, quando e como dizer. Envolve escutar o outro também, claro, mas sem abandonar a própria voz. Quem se comunica assertivamente consegue resolver conflitos de forma mais madura, evita mal-entendidos e cria relações mais sinceras. É o famoso “discordar sem brigar”, sabe? Você coloca seu ponto, ouve o do outro, e buscam juntos uma solução ou entendimento – ao invés de um lado atropelar o outro ou nenhum dos dois falar nada e todo mundo sair insatisfeito.
Se identificou um pouco com a Marta? A boa notícia é que assertividade se aprende e se pratica. Comece aos poucos: na próxima vez que algo lhe desagradar, tente expressar educadamente seu sentimento ou opinião. Pode dar um friozinho na barriga no começo, especialmente se você sempre foi “bonzinho(a)” demais. Mas acredite, cada pequena conquista – como dizer “prefiro que…” em vez de só concordar com tudo – vai te fortalecendo. A sensação de finalmente ser ouvido, de ver que sua voz tem peso, é libertadora. E curiosamente, as pessoas passam a confiar mais em você também, porque sabem que você fala com sinceridade, não apenas o que agrada.
Chega de engolir sapos. Sua voz merece ser respeitada – e isso começa com você se respeitando o suficiente para usá-la. Comunicação assertiva não resolve todos os problemas do mundo, mas transforma profundamente a maneira como você se relaciona, consigo mesmo e com os outros. Vale a pena tentar: diga o que precisa ser dito, do seu jeito autêntico. Você vai ver quanta diferença faz quando param de te interromper e finalmente começam a te escutar.
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Israel Elias — Mentor de Oratória — @oisraelelias.





