Você consegue entender e gerenciar as suas próprias emoções, ou vive se deixando levar pelos impulsos do momento? Já reparou como as pessoas emocionalmente inteligentes parecem ter um “algo a mais” – um segredo por trás do carisma e do equilíbrio que elas demonstram em qualquer situação?
Na empresa, tínhamos dois líderes bem diferentes. O Carlos era brilhante tecnicamente, porém temperamental. Bastava um projeto sair do planejado que ele perdia a paciência, dava bronca na equipe e ficava amargo o resto da semana. Não era mau sujeito, mas simplesmente não sabia lidar com as próprias frustrações e ansiedades – e acabava descontando em todo mundo.
Já a Helena, líder de outro time, tinha uma postura quase oposta. Quando as coisas davam errado (porque às vezes dão mesmo), em vez de procurar um culpado, ela chamava o pessoal para uma conversa sincera. Ouvia cada um, reconhecia o esforço da equipe e juntos pensavam em soluções. Se alguém estava sobrecarregado ou cabisbaixo, Helena percebia na hora e perguntava: “Tudo bem? Quer ajuda em algo?”. Ela tinha uma empatia natural, uma calma contagiante nas crises. Não por acaso, a equipe dela vivia motivada e entregando resultados, enquanto a do Carlos tinha alta rotatividade – muita gente pedindo para sair daquele setor.
A diferença? Inteligência emocional. Helena pode até não ter os diplomas mais impressionantes do mundo, mas domina uma arte que vale ouro: a de reconhecer e gerenciar emoções – as dela e as dos outros. Isso significa, primeiro, ter consciência do que ela mesma sente. Em vez de negar ou explodir, ela identifica: “Estou irritada, estou ansiosa, por quê?”. E, a partir daí, consegue se acalmar e responder de forma ponderada, não no calor do impulso. Em segundo lugar, a empatia: ela se coloca no lugar do outro. Percebe pelo tom de voz ou expressão facial quando alguém não está bem, e genuinamente se importa. Isso cria um ambiente de confiança, porque as pessoas sentem que são compreendidas, não julgadas.
Carlos, por outro lado, agia no piloto automático emocional. Se algo dava errado, ele tomava as dores como ofensa pessoal e reagia na hora, sem filtro – elevava a voz, punha culpa. Tinha dificuldade em admitir erros e em ouvir críticas, porque suas emoções falavam mais alto. Quantos de nós já não passamos por isso em algum momento, não é? A boa notícia é que inteligência emocional não é um traço fixo de personalidade; é uma competência que podemos desenvolver. Começa por prestar atenção em si mesmo: quais situações disparam suas emoções fortes? Como seu corpo reage – coração acelera, rosto queima? Só de notar já estamos dando um passo para retomar o controle. Depois, vem exercitar a pausa: sentiu aquela raiva subindo? Respire fundo antes de responder. Tristeza batendo? Permita-se sentir, mas não se afunde nela antes de tentar entender o motivo.
E no trato com os outros, é praticar ouvir de verdade. Da próxima vez que alguém desabafar algo com você, tente ouvir sem já pensar na resposta, sem julgar de cara. Apenas escute e tente entender o ponto de vista. Essa é a base da empatia. Aos poucos, você percebe que as relações ficam mais fáceis – conflitos se resolvem com menos gritaria e mais diálogo, colegas e familiares passam a te procurar pela sua compreensão e bom senso. Aquilo que chamam de carisma muitas vezes não é nada mais que a capacidade de fazer o outro se sentir valorizado e ouvido. E isso vem diretamente da inteligência emocional.
No fim das contas, investir em inteligência emocional é investir em você mesmo e nos seus relacionamentos. Não controlamos tudo que sentimos, mas podemos escolher como reagir ao que sentimos – e a diferença de resultados é gigantesca. Pessoas emocionalmente inteligentes inspiram confiança, lideram com empatia e vivem com menos estresse desnecessário. Então, que tal adotar esse “algo a mais”? Desenvolver sua inteligência emocional pode ser o segredo para se tornar não apenas mais carismático e equilibrado, mas também mais realizado em todas as áreas da vida.
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Israel Elias — Mentor de Oratória — @oisraelelias.
